
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu nesta quarta-feira (19) que pode haver um retrocesso na questão nuclear iraniana se o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) não tiver disposição para negociar a respeito depois do acordo costurado entre o Brasil, a Turquia e o Irã sobre o enriquecimento de urânio.Lula fez a declaração durante uma conferência sobre a economia brasileira na capital espanhola Madri.- Agora depende do Conselho de Segurança da ONU sentar com disposição de negociar, porque se eles se sentarem sem querer negociar, tudo vai voltar atrás.Lula também disse que o Brasil e a Turquia fizeram exatamente o que os Estados Unidos queriam fazer "há cinco ou seis meses". - Qual era o grande problema do Irã? Que ninguém podia sentar para negociar. O que queríamos era convencer o Irã de que deve assumir o compromisso com a Agência (Internacional de Energia Atômica, AIEA) e deveria negociar, deveria depositar seu urânio na Turquia. Isso é o que foi acertado.Nesta terça-feira (18), um dia após o anúncio do acordo, os Estados Unidos apresentaram uma proposta na ONU para uma quarta rodada de sanções contra os iranianos, com o apoio dos outros quatro membros permanentes do conselho, Rússia, China, França e Reino Unido.Um auxiliar do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta terça-feira que considera as sanções "ilegítimas".O projeto prevê sérias sanções contra a República Islâmica, que ficará proibida de investir no exterior em determinadas atividades, terá seus navios inspecionados em alto-mar e sofrerá um embargo sobre a compra de armas pesadas, de acordo com um funcionário dos EUA.A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, já havia anunciado um acordo com Rússia e China sobre novas sanções contra o Irã devido ao seu programa nuclear.O esforço diplomático promovido por Brasil e Turquia pretendia evitar as sanções da ONU contra a República Islâmica, com base no intercâmbio, em território turco, de 1.200 kg de urânio levemente enriquecido (a 3,5%) por 120 kg de combustível enriquecido a 20%, destinado ao reator de pesquisas nucleares de Teerã. Hillary agradece, mas vê acordo com reservasHillary agradeceu os esforços de Brasil e Turquia, mas destacou as diversas reservas de Washington sobre o acordo fechado na véspera, com a intervenção direta de Lula.Os representantes de Estados Unidos, França e Reino Unido no Conselho de Segurança lembraram que a oferta de intercâmbio de combustível nuclear, relançada por Brasil e Turquia, foi realizada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) em outubro de 2009 como "uma medida de confiança".A embaixadora dos EUA no Conselho de Segurança, Susan Rice, disse que a questão do intercâmbio de combustível não é "a base do problema", após quatro anos de "violações das resoluções da ONU e de suas obrigações internacionais" por parte do Irã.A diplomata brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti disse que o Brasil "não vai participar do debate" sobre as sanções no Conselho de Segurança, alegando que "existe uma nova situação" que nega o acordo promovido pelo presidente Lula.Segundo uma fonte oficial dos EUA, as sanções acertadas nesta terça-feira - que ainda precisam ser votadas no Conselho - "reafirmam que o Irã não poderá construir novas unidades de enriquecimento de urânio" e proíbem investimentos iranianos "no estrangeiro em atividades sensíveis", como extração ou enriquecimento de urânio e projetos de mísseis balísticos.O projeto também proíbe a venda ao Irã de oito novas categorias de armas pesadas, como tanques, veículos blindados de combate, sistemas de artilharia de grosso calibre, aviões de combate, helicópteros de ataque, navios de guerra e mísseis ou sistemas de mísseis.Sanções preveem inspeção a navios rumo ao Irã. As sanções ampliam ao alto-mar as inspeções de navios suspeitos procedentes ou com destino ao Irã, reforçando outra sanção similar, de março de 2008.O texto envolve ainda a lista de pessoas e entidades ligadas aos programas nuclear e balístico iranianos que poderão sofrer o congelamento de seus bens no exterior e ter vistos cancelados.Os países membros da ONU serão também convocados a bloquear qualquer transação financeira que possam estar ligadas à proliferação de armas.No setor bancário, os Estados serão chamados a impedir o funcionamento em seu território dos bancos iranianos que têm um potencial papel na proliferação e a impedir que suas instituições financeiras sob suspeita abram sucursais no Irã.As potências ocidentais temem que o programa nuclear iraniano seja um disfarce para obter a bomba atômica, insinuação que Teerã nega.A resolução na ONU, se for adotada, será a sexta desde 2006 envolvendo o programa nuclear iraniano, e a quarta aplicando sanções.
 
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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