domingo, 13 de setembro de 2009

O novo MST de Zé Rainha


São Paulo - Na luta pela reforma agrária, tem poder quem consegue melhor mobilizar a massa. No oeste de São Paulo, maior zona de conflito pela posse da terra, o homem mais poderoso da região chama-se José Rainha Júnior. Ex-dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), ele comanda o maior acampamento do país, conhecido como Deputado Adão Pretto, no município de Araçatuba. Formado por cerca de 1,2 mil famílias, o pessoal acampando à beira de uma estrada vicinal recebe cesta básica semanal e a promessa de um lote feita pelo próprio Zé Rainha.
Rainha diz que, agora, ocupações só são autorizadas com base no diálogo Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press Desde que foi desligado do MST, em 2004, o líder sem-terra passou a ter vida própria no Pontal do Paranapanema. Para conseguir recursos do governo federal e de organizações não governamentais do exterior, ele fundou duas instituições: a Federação das Associações de Agricultores Familiares do Oeste Paulista (Faafop) e a Patativa do Assaré. Em três anos, as duas entidades já receberam R$ 6,7 milhões em recursos do governo federal e de duas instituições internacionais. "O nosso acampamento tem três meses. Em breve, terá 3 mil pessoas", prevê Rainha. No Pontal do Paranapanema, a luta atual não é apenas por terra. O novo movimento liderado por Rainha, que já comanda uma massa de quase 6 mil colonos, está convencendo agricultores que militam no MST de João Pedro Stédile a mudarem de lado. A maior diferença entre os dois movimentos é que um, o de Rainha, caminha de mãos dadas com o governo federal. O outro, mantém divergências políticas com o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Rainha apoia a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para presidente ou qualquer outro político que o petista indicar. "Estamos com o presidente", frisa o líder.No novo MST de Zé Rainha tem espaço até para o inusitado. A massa de agricultores que comanda não faz invasões sem antes negociar com os fazendeiros da região. No primeiro semestre deste ano, já foram 44 ocupações pacíficas e negociadas. No ano passado, foram pouco mais de 30. Algumas delas com barulho para chamar a atenção da mídia. "Estamos em outro tempo. Aquela ocupação em que entramos de surpresa não existe mais. O caminho agora é o diálogo", avisa. No MST oficial, ninguém quer ouvir falar de Zé Rainha. Várias notas informam que ele foi desligado do movimento. Rainha não está nem aí. "Ajudei a fundar o MST. Sou filho do MST e Stédile é meu pai", frisou. Sobre o filho renegado, João Pedro Stédile fez o seguinte comentário na última vez que em se pronunciou sobre o tema: "O Rainha começou a trilhar um caminho que não respeita mais as instâncias às quais estava vinculado. Optou pelo autoafastamento. É um líder de massas", reconheceu.

Um comentário:

  1. Zé Raínha e companheiros de luta são presos políticos em SP.

    Foram sequestrados a noite.
    Estão presos incomunicáveis.


    É mais um ataque da direita.
    É mais um atentado dos latifundiários.

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